quinta-feira, 13 de maio de 2010

A Descoberta....Uma lesão cerebral?!

Dia 18 de Fevereiro 2004, o dia que revolucionou a minha vida, a minha forma de estar e pensar...

Depois de muitos sintomas ignorados, o facto de começar a sentir parte da face esquerda adormecida alertou-me e fez com que procurasse a médica de familia. Ao relatar o que se passava, ela não hesitou e de forma preocupada recomendou-me fazer um TAC ao crânio.
Assim foi, o exame estava marcado para o dia 18 de Fevereiro.
A minha tia Maria das Dores, sempre tão próxima e amiga acompanhou-me, e ainda bem que o fez!
Depois de fazer o exame, o Dtr Nuno Sá, radiologista presente pediu que me chamassem estava eu já de saída. Estranhámos, e acompanhámos a funcionária até um gabinete.
Foi então, que ele de forma calma virou-se para nós e disse que tinha sido detectado algo e que dadas as dimensoes da lesão, seria recomendado procurar quanto antes a opinião de um neurocirurgião.
O termo usado foi mesmo este, lesão cerebral, talvez por ser mais suave, escolheu com cuidado as palavras, a palavra tumor assusta muita gente!
O mesmo radiologista, muito prestável e preocupadao, orientou-me de imediato para falar com uma neurocirurgiã no dia seguinte no Hospital de S.Teotónio em Viseu, se assim eu o aceitasse.
Recomendou que os pais me acompanhassem, ou o marido, alguem próximo pois o que ouviriamos, poderia não ser fácil.
E assim foi...
Recordo-me que ao sair dali, a minha tia nem sabia bem o que pensar ou dizer, preocupada e surpreendida com o choque da noticia, enquanto eu sorria...
No meu interior, sorria, porque agradecia a Deus... nunca ninguem entenderia!
Liguei ao meu pai, que na altura ficou um pouco sem entender a gravidade da situação, pedi-lhe que contasse à minha mãe, e que seria bom estarem bom estarem presentes comigo no dia seguinte.

No dia seguinte, a Dtra Catarina Marques (neurocirurgiã), estava à minha espera.
Já tinha visto o TAC, entregue pelo próprio radiologista, e quase não lhe restavam duvidas para o tipo de tumor que eu tinha. Após alguns exercicios efectuados ali mesmo, dei-me conta do que trazia comigo já há tanto tempo. Tudo começou a fazer sentido, e os sintomas ignorados até então começaram a ganhar um novo sentido.
Teria um Neurinoma do Acustico, cujas dimensões possibilitava um tratamento apenas cirurgico. Se não operasse, acabaria por um dia ser mortal, a minha qualidade de vida iria decair cada vez mais, e a compressão do tumor no tronco cerbral acabaria por debilitar a minha saude por completo, e as minhas funções mais basicas. Mesmo que crescesse lentamente, os seus efeitos nunca melhorariam, antes pelo contrario.
Falou-me dos riscos da operação, não seria uma cirurgia fácil, e ficaria com sequelas mais, ou menos graves.
A audição do ouvido esquerdo seria perdida, ficaria com paralisia facial na parte esquerda do rosto, havia um risco de afectar o nervo optico e perder funçoes nesse olho, seriam sequelas definitivas ou não, possiveis de melhorar com fisioterapia até cerca de 18 meses.
Não havia outra hipótese, tinha de ser operada.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Mas afinal, o que é um Neurinoma do Acústico?





Pois bem, tal como o nome sugere, é um tumor cerebral benigno, localizado no nervo auditivo, conhecido por diferentes nomes como: neuromas, neurinomas, vestibular schwanomas ou neurofibromas do acústico.
Os neurinomas do acústico começam no canal interno do ouvido e podem se expandir até o cérebro. Podem estar localizados profundamente no crânio e próximos a centros vitais do cérebro. Enquanto o tumor cresce ele pode envolver nervos ou estruturas vizinhas responsáveis por funções vitais.

Na maioria das vezes este tumor tem crescimento lento, demorando anos para desenvolver-se. Em outros casos ou em algumas fases do desenvolvimento o seu crescimento pode ser rápido.
Normalmente estes tumores são unilaterais, isto é em um só ouvido, mas tambem podem-se apresentar nos dois ouvidos, tendo o mome de neurofibromatose.

Estes tumores são raros e estudos estatísticos mostram que sua incidência na população em geral é de 1 caso para 100.000 habitantes por ano, constituindo cerca de 6 % dos tumores cerebrais.
Existem muitos estudos à volta das causas para este tipo de tumor, mas ainda não existem conclusões, além de uma possivel predisposição genética.

Sintomas:

Normalmente, em grande parte dos doentes os sintomas são leves e quase que imperceptíveis,sendo os principais:

- perda de audição,
- barulhos no ouvido (zumbidos)
- falta de equilíbrio
- tonturas , vertigens
- dores de cabeça
- paralisia facial


Diagnóstico e tratamento:

Geralmente os meios de diagnóstico mais comuns, são a TAC (Tomografia computorizada cerebral) ou ainda, a Ressonância nuclear magnética.
Os métodos de tratamento utilizados, são quase sempre a Radiocirurgia (em caso de tumores de menores dimensões) ou a Cirurgia (para tumores de grande volume), que implica a remoção total do mesmo.

No entanto, qualquer opção de tratamento, tem vantagens e desvantagens.
O neurocirugião terá sempre em conta vários aspectos tais como a idade do paciente, a presença de doenças associadas, o quadro clínico apresentado, o volume tumoral, etc., por forma a determinar qual a melhor estratégia para o seu tratamento.

O doente deverá ainda ser bem informado acerca dos riscos que uma possivel cirurgia destas pode acarretar. Tendo em conta a quantidade de nervos importantissimos que por ali passam, e dependendo do volume do tumor, podem ficar sequelas mais ou menos permanentes entre as quais, paralisia facial, surdez permanente no ouvido afectado ou ainda alguma descoordenação motora. Para algumas destas sequelas existe sempre a possibidade de as diminuir com tratamentos de Fisioterapia, com os quais é costume obterem-se bons resultados.

Há que ter noção que este tumor, mesmo sendo benigno, senão for devidamente acompanhado, pode tornar-se mortal para o doente.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

O começo...


A criação deste blog, deve-se ao facto de reparar que existe muito pouca divulgação de informação deste tipo de tumor, por ser raro, em Portugal.
Decidi partilhar a minha história... quem sabe conhecer outras semelhantes, quem sabe poder prestar algum apoio, ou simplesmente mostrar a alguem que não está só neste tipo de doença.

Dirijo-me principalmente às vitimas do neurinoma, não apenas os doentes na 1ª pessoa, tambem familiares, amigos, todos aqueles que vivem de alguma forma a surpresa desta doença, que vivem o "depois" da doença, que nunca é fácil.

Mas tambem me dirijo a todos vós, que por um acaso qualquer descobriram este blog... Entrem, leiam, descubram uma nova realidade, mesmo que distante da vossa.
Partilhem ideias, opiniões, ou simplesmente deixem um sinal da vossa visita,é sempre bom saber que não se está só!

Recebam a minha mensagem... ESPERANÇA!