segunda-feira, 28 de junho de 2010

Lição de vida!

Num destes dias estava por acaso a fazer alguma pesquisa relacionada com o neurinoma, quando me deparei com este vídeo, que simplesmente me imobilizou e comoveu.
Foi o relembrar de uma situação que não é fácil, mesmo para quem tenta vivê-la com optimismo, foi o dar-me conta uma vez mais, do quanto deveriamos aprender com o povo brasileiro, que envoltos na desgraça, conseguem sorrir, aplicando toda a fé sempre em algo maior! É admirável ver a união, o apoio , a amizade, a alegria, a força que empenham na ajuda ao outro... é tudo isso, e muito mais que ajuda no processo da cura.
Deixo aqui um aplauso a esse povo, que mesmo não sendo perfeito como todos os outros, demonstra possuir dos valores mais nobres e dificeis de encontrar numa sociedade.

Nós, grande parte de nós portugueses, vive a doença de forma dramática, e apelamos à expressão comum do "ai coitadinho", ao invés de a olharmos de frente, com entusiasmo, fé e coragem. Pode parecer dificil, mas é essa a força que todos nós deveriamos tentar encontrar. Seria tão mais fácil!...
Nós portugueses ainda temos muita dificuldade em demonstrar afetos, mesmo na sua forma mais simples, e um simples abraço por vezes faria tão bem, ou apenas dizer "gosto de ti".
Deviamos tentar, decidir fazer do dia de hoje um novo dia, um novo recomeço... Dar-mo-nos aos outros, como se nada tivéssemos, como se nada esperássemos e de certo fariamos alguem mais feliz, nem que fosse por instantes...

Quantas vezes essa oportunidade não nos passa ao lado, e não volta mais
!

Desio Barbosa - Neurinoma - Parte III

Desio Barbosa - Neurinoma - Parte I

terça-feira, 15 de junho de 2010

Tumores En Orl

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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Crê e transforma-te...


Hoje, vou deixar aqui um pensamento que considero muito bonito e que nos poderá fazer reflectir um pouco!

"Faça do sofrimento um motivo a mais para sair caminhando. Faça das tristezas, das agruras do dia a dia, aquela alavanca que faltava para o impulso que leva à felicidade. Faça do desânimo um motivo a mais para encontrar a vontade escondida, deixada num canto, esquecida."

Autor desconhecido

É isso mesmo, dependendo do nosso ponto de vista, podemos transformar a nossa realidade. Está sempre ao nosso alcance fazer do mau, bom, transformar o negativo em positivo, e fazer rodar a vida a nosso favor. Muito depende de nós....
Está tudo na cabeça, e na capacidade de sentir verdadeiramente aquilo em que se acredita... conforme se crê assim se tem!

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Pensamento do dia....


"Nada é pesado demais para quem tem asas"

autor desconhecido

O tropeço na caminhada....

Pois bem... Hoje é um daqueles dias abençoados por uma "dor crónica" no meu olho esquerdo. Dor num olho?! Soa tão incomum, temos dores de cabeça, dores de costas, dor de estômago, dor de dentes, entre tantas outras, mas dor de olho?!!
Como vos posso definir este tipo de dor? Procurei ajuda para a definição, pois não há dor semelhante, basta dizer que o olho é o órgão do nosso corpo mais sensível à dor, por isso a minima "intrusão no mesmo", como apenas uma simples pestana causa dor, quanto mais, uma lesão na córnea!
Mas como isto aconteceu?!
Nem mesma eu sei... Como referi num outro post, com a cirurgia o nervo óptico do olho esquerdo ficou danificado, perdendo funções, e uma delas seria a produçao de lágrimas, para esta ausência existem gotas, que teria de colocar várias vezes ao dia, por forma a proteger e manter o olho lubrificado.
Ora então, cerca de pouco mais de 1 mês após a cirurgia, comecei a trazer o olho muito vermelho, mas com a paralisia facial, quase nem me apercebia da dor, foi numa consulta de rotina de oftalmologia que descobri que tinha uma lesão grave na córnea, provocada talvez pelo vírus "Herpes". Inicialmente queriam encerrar-me o olho cozendo a pálpebra, "cozer a pálpebra?!! devem estar doidos, pensei!", mas depois lá comecei a fazer medicação à base de corticóides e a lesão foi cicatrizando.
Acontece que actualmente, encerrando o olho direito, do outro, vejo tudo baço, muito nebuloso, e de vez em quando acordo com umas dores, que bem!... nem queiram saber!... não passam com analgésico, nem com ibuprofeno, limito-me a ter paciência e a aprender a viver com essa dor, que não é fácil. O simples coçar é impensável, e mesmo o leve toque de algo no olho pode desencadear-me mais uma crise de dor! É caso para dizer, "ando sempre com o olho nas mãos!"
À cerca de 1 ano, mais uma vez e milagosamente, recuperei as lágrimas, mas para quebrar a boa noticia, pouco tempo depois, fiquei com o canal lacrimal entupido! Espectáculo!!!
Agora só lá vai com cirurgia, para o canal, para a córnea falam em transplante, mas quanto a essa possibilidade o meu oftalmolgista fica um pouco reticente com a ideia.
Vamos a ver.... Ninguem disse que a vida é fácil!...

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Agradeço....


"Agradeço todas as dificulades que enfrentei, não fosse por elas eu não teria saído do lugar. As facilidades nos impedem de caminhar. Mesmo as críticas nos auxiliam muito."

Xico Xavier

terça-feira, 1 de junho de 2010

Vou-vos contar um segredo....

Vou-vos contar um segredo...
Quando fui fazer o 1º RX, eu já sabia que tinha algo de grave.
Sabia-o pois a voz do meu anjo deixou esse recado no meu coração e exactamente por saber, tambem sempre acreditei que esta doença por algum motivo seria o melhor para mim, um mal necessário, que passaria, deixando um aroma muito mais fresco na minha vida.
Quando vivemos o que é errado, quando caminhamos por onde não devemos ir, e quando por teimosia nos recusamos a escutar o nosso anjo, o nosso "eu", algo acaba por acontecer, que nos faz parar, que nos dá uma oportunidade de repensar o caminho, e se ainda assim ignoramos essa voz, então tem de vir o 2º recado a doer!
Por isso, eu sempre sorri, sempre estive serena, e a partir de um certo momento, tomei decisões, refiz uma vida quebrada em pedaços, tentei colar-me por inteiro.
As marcas, essas nem o tempo as apaga, estão sempre lá, e ainda bem!

Mas não foi apenas a minha força de vontade que ajudou a recuperar tão bem, o ter encarado os acontecimentos com naturalidade, sem dramatismos, com serenidade.
Sabia que esta doença me traria forças, forças adormecidas que já nem eu julgava ter, mas não estive só nesta batalha!
Os meus pais sofreram comigo, nunca deixaram de me dar a mão, mesmo quando quis andar sozinha!... a minha tia de sempre, talvez 1 amiga e os familiares mais chegados, souberam estar lá!
Mas nada disto teria sido um milagre, sem as mãos da Dtra Catarina Marques, e do Fisioterapeuta Carlos Martins, eles sim foram portadores do milagroso poder de Deus, foram os meus anjos na terra!
Agradeço-vos por cada dia que aqui estou, por cada dia em que tenho a vossa presença talhada em mim....

A Lágrima caiu... Um novo sorriso nasceu...

De repente, comecei a perder um liquido transparente, pela sutura.
Ligaram à minha medica que mandou que fosse com urgência para o hospital, ela estaria lá à minha espera.
E foi nesse dia, a pior experiência da minha vida...
Estas palavras nunca mais me sairiam da cabeça, " vai ter de ficar cá, não há hipótese, temos de parar a perda de líquor quanto antes, senão pode apanhar meningite e pode ser mortal..."
Nesse momento, pela 1ª vez ao longo de todo este processo não aguentei e chorei!
Só pensava em voltar para o meu filho, não queria pensar sequer em ficar ali de novo, não fazia ideia do que ainda me esperava!

De imediato, fui levada para uma sala, onde já me aguardava uma enfermeira e onde prontamente surgiu a Dtra. Os meus pais ficariam no corredor, e eu não fazia ideia do que me iriam fazer.
Colocada em posição fetal, a Dtra. ia introduzindo uma agulha para fazer punção lombar, introduziu 1 vez, introduziu 2,3,4,5,6...7, e eu gritava, chorava de dores, delirava, o sofrimento era tal que por vezes parecia ir perder a consciência.
Deram anestesia local, veio outo médico ajudar, seguravam-me a mão, até que desistiu! Não conseguiam introduzir a agulha no local certo... Parece que tenho as vértebras mmuiiitoo unidas, o que complicou tudo ainda mais.
Perante isto e o meu sofrimento, a "minha" Dtra. decidiu encaminhar-me para o Bloco para uma nova intervenção cirurgica, onde faria a punção lombar e voltaria a abrir a sutura para fechar o pequeno ponto interior que estava aberto.

Adormeci...o cansaço era imenso! Acordei no dia seguinte para a entrada no Bloco operatório, e voltei a dormir, uma vez mais e serena...

Após essa intervenção, tive de ficar cerca de uma semana imobilizada numa cama e praticamente senpre deitada, não fosse o dreno da coluna "saltar fora" ou desmaiar!
Custou muito essa semama, sem duvida a pior parte de todo este processo, mas tambem a que mais me ensinou...

Depois de mais 7 dias internada, regressei desta vez e definitivamente para a casa dos meus pais e para junto do meu filho.
Tinha de fazer fisioterapia praticamente todos os dias e pelo menos 1 hora.
Pouco a pouco, voltei a caminhar sozinha e sem desequilibrios. A visão dupla reduziu para uma percentagem muito minima e o meu rosto foi recuperando milagrosamente as suas formas e libertando-se da paralisia.
Contra todas as previsões, as sessões de Fisioterapia previstas para 18 meses, e sem resultados garantidos, duraram pouco mais de 3 meses.
O meu rosto estava praticamente simétrico, quase não se percebiam as mazelas da paralisia, pior mesmo ficou o olho esquerdo, mas isso será contado num outro "post"!
Em relação à surdez esquerda, ainda me vou adaptanto, pois a vida nem sempre é facilitada para quem só dá 50/hora!

O grande dia!...

No dia 27 de Abril de 2004, perdi o meu "velho companheiro"...
Recordo-me... no momento da preparação para a cirurgia, eram cerca de 7 horas da manhã, a enfermeira veio ter comigo, pedindo-me que prendesse o cabelo em trança para o lado direito. Nesse acto, sozinha, olhei-me uma ultima vez ao espelho, toquei o meu rosto, sorri, e despedi-me dele, das suas formas, com a expectativa de que nunca voltaria a olhá-lo igual.
Preparei-me de forma serena, tinha de assim ser, sentia que tudo correria bem....
Eram 9 horas quando a Dtra Catarina chegou até mim, e me levaram para o Bloco, sempre calma, aí, deixei-me adormecer sem medo, com um leve sorriso...

Sei que a cirurgia foi longa, até por volta da 18 horas, embora tenha despertado apenas no dia seguinte de manhã. Esse momento não foi fácil...
Acordei na U. Cuidados Intensivos, muito assustada, sentia-me presa no meu próprio corpo e ao mesmo tempo parecia-me estar tudo tão igual!
O pânico era tal, e talvez ainda com o efeito da anestesia, que começei a disparatar com a enfermeira ali presente, e apenas me acalmei na presença da "minha" Dtra.

Estava estável, e como tal poucas horas depois fui encaminhada para a U. Cuidados Intermédios, onde poderia receber a visita apenas de pais e marido.

As noticias eram boas! O tumor de grau IV, que pelas palavras da Dtra. teria o tamanho de uma "bola de golfe" teria sido removido na totalidade, no entanto, tendo em conta as dimensões e a localização complicada do mesmo, seria impossivel preservar o nervo auditivo, o nervo optico tambem seria afectado bem como os nervos faciais, embora preservados ao máximo. Ao longo de 7 dias, fui recuperando lentamente, iniciei fisioterapia, mas o que mais precisava não estava ali... o meu filho, o meu bébé, precisava do colo dele!
Recordo-me da unica vez que o levaram até mim, passados 4 dias da cirurgia, tinha ele cerca de 18 meses, eu apertadinha de saudades mas não podia pegar nele, ele olhou-me receoso, desconfiado, sentiu elgo estranho em mim, pois já não era a mesma mamã. Fiquei triste...

Estava a progredir tão bem, que tive alta passados os 7 dias.
Necessitando de apoio permanente, tive de ficar em casa dos meus pais, e com o meu filho.
5 dias depois, aconteceu o inesperado!...